Ayrton Senna: Contribuições para o automobilismo

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AFórmula 1 não seria a mesma sem a marcante passagem de Ayrton Senna pelo esporte. Foram 41 vitórias, 80 pódios, 65 pole positions e três títulos mundiais, em 1988, 1990 e 1991, inspirou gerações e colocou o Brasil em evidência devido à sua dedicação e vontade de vencer.

Senna era conhecido por sua habilidade em pilotar e também por sua dedicação incansável à perfeição. Sua busca por desempenho levou a inovações técnicas que ajudaram a moldar a engenharia automotiva, incluindo testes para veículos no Brasil e em outros países. 

Mas, além disso, Senna era dono de uma coleção de carros e conhecia bem todas as máquinas que pilotava, sendo responsável por muitas inovações e tecnologia no desenvolvimento de veículos mais seguros e eficientes.

Testes e melhorias feitos por Ayrton Senna

O início da carreira de Ayrton Senna foi nas pistas de Kart e já se destacava, sendo notícia até mesmo na Revista Autoesporte, que noticiou seu feito em agosto de 1978, edição de número 166. Após muitas outras notícias, Senna realizou um teste importante para o mundo do Kart nessa mesma revista.

Em 1979, Senna já era campeão na categoria e testou, para a Autoesporte, um protótipo de kart com câmbio, transmissão manual de 5 marchas, com acionamento por uma alavanca atrás do volante e motor Yamanha.

Foto: Autoesporte/Acervo MIAU
Teste para a revista Quatro Rodas

Ainda antes de estrear na Fórmula 1, Senna testou 12 carros nacionais no autódromo de Interlagos para a revista Quatro Rodas. Em 1984, poucos dias antes de sua estreia na Fórmula 1, ele foi bem rigoroso ao avaliar cada veículo.

Os carros testados foram: Volkswagen Passat LS, Chevrolet Monza SL/E, Volkswagen Gol Boxer LS, Ford Del Rey Ouro CHT, Chevrolet Chevette SL, Fiat Oggi CL, Ford Escort GL CHT, Volkswagen Voyage, Fiat 147, Chevrolet Opala, Ford Maverick e Volkswagen Fusca.

O piloto forneceu notas detalhadas sobre o desempenho, acabamento, conforto e segurança de cada um dos veículos. Destacando tanto os pontos positivos quanto as partes que precisavam de melhorias. 

Devido à sinceridade de suas resenhas e conhecimento técnico, Senna mostrou que suas habilidades iam além de pilotar, mas também sabia analisar e entender a mecânica e a engenharia dos veículos.

Senna, piloto de rally

Já na Fórmula 1, Senna recebeu o convite da revista Cars and Car Conversions para testar carros de rally, uma modalidade que ele ainda não havia experimentado. Ele dirigiu um Golf GTi do Grupo A, um Ford Sierra Cosworth RS, um Ford Escort V6 3.4 e um Austin Metro 6R4 do Grupo B.

Os testes foram realizados no País de Gales e rendeu 8 páginas que também foram aproveitadas na publicação italiana Autosprint, com o título: “Senna Rallista”. Segundo o site da Pirelli, Senna aceitou o convite por um motivo simples: “Não sei nada sobre rally. Vi fotos em revistas, assisti algumas vezes na televisão. E procurei não ouvir ninguém sobre pilotagem de rally. Quero descobrir por mim mesmo”.

Protótipo do Honda NSX

O Honda NSX surgiu para ser o concorrente da Ferrari e, para alcançarem o melhor desempenho, Ayrton Senna esteve presente na fase de testes realizando vários testes de desempenho e controle durante longas sessões no Circuito de Suzuka.

Este teste foi parte de uma colaboração entre a Honda e a McLaren, com Senna fornecendo feedback valioso sobre o desempenho do carro, o que contribuiu para as melhorias do carro antes do seu lançamento oficial. 

Segundo o site Click Petróleo e Gás, Senna ficou impressionado com a agilidade e a resposta do NSX, elogiando sua aerodinâmica e a precisão de direção. Ele também destacou a potência do motor V6 e a eficiência do câmbio.

Ele possuía dois exemplares do Honda NSX: Um preto que ficava no Brasil e um vermelho em Portugal, vendido em 2013 e colocado para revenda em 2024 por R$ 3,1 milhões.

Motor Lamborghini

Em 1993, Senna testou uma McLaren com motor Lamborghini no circuito de Estoril, em Portugal, nessa época as duas empresas estavam firmando parceria para melhorar seu desempenho competitivo.

Ele ficou impressionado com a potência e o desempenho do motor Lamborghini, que desenvolvia cerca de 700 cavalos de potência, destacou a melhora na aceleração e na eficiência do câmbio, comparado ao motor anterior que desagradava a McLaren. 

Esse teste foi um passo importante na busca da McLaren por mais competitividade e desempenho e mostrou, mais uma vez, a habilidade de Senna em adaptar-se rapidamente a novas tecnologias, conhecer profundamente o veículo e fornecer informações precisas para melhorias. 

Mais contribuições de Senna

Senna e Audi

Ayrton Senna foi um dos primeiros brasileiros a ter um Audi e diretamente responsável por trazer a montadora ao país. Essa parceria começou em 1993, quando Senna viajou até a cidade de Ingolstadt, na Alemanha e formou uma joint venture (união com risco) entre a Audi AG e a Senna Import Participações Ltda. 

Senna, juntamente com o empresário Ubirajara Guimarães, assinou um contrato para representar a Audi no Brasil. Para celebrar a parceria, ele ganhou um Audi S4 Avant

Esse acordo colheu frutos até mesmo após a morte do piloto: a Senna Import ajudou a estabelecer a Audi no mercado brasileiro, com a inauguração de uma fábrica moderna em São José dos Pinhais, Paraná, em 1999. 

Mais tarde, a Audi AG adquiriu 51% do capital da Senna Import, formando a joint venture Audi Senna e em 2005, a Audi AG assumiu 100% das atividades no Brasil, criando a Audi Brasil Distribuidora de Veículos.

(Claudio Larangeira / Saulo Mazzoni/Quatro Rodas)

Reforma de Interlagos

A curva S do Senna no autódromo de Interlagos não ganhou esse nome por acaso. Em 1990 o piloto auxiliou nas mudanças do traçado e cumprir as regras de limite de distância que ligava uma reta a outra. 

Mudanças após a morte de Senna

A morte de Ayrton Senna em 1 de maio de 1994 fez o mundo parar. Nesse mesmo fim de semana, Senna viu Roland Ratzenberger morrer na curva Villeneuve e decidiu que não queria correr, afinal a curva Tamburello em Ímola era um dos pontos que não pareciam seguros o suficiente para todos os corredores.

Ironicamente, esse foi o local no qual ele sofreu o acidente fatal. Senna mencionou que a pista estava em más condições e que havia áreas onde a proteção dos pilotos era insuficiente e então, segundo o site Globo Esporte, queria que todos os pilotos se unissem para mudanças, porém ele foi repreendido por superiores e, no domingo, ele próprio sofreu a batida.  

Após a partida de Ratzenberger, Senna e o acidente grave de Barrichello uma semana antes, mudanças foram feitas, para que, mesmo que não impeça acidentes, garanta que a maioria dos pilotos possam sair ilesos. 

A curva Tamburello foi redesenhada, tecnologias que protegem o crânio do piloto, a estrutura do carro e até mesmo mudanças no cockpit que era baixo para o melhor aproveitamento da prova foram algumas das melhorias que ocorreram, mas sempre há o que melhorar e, desde então, novas tecnologias surgem para a proteção e garantir um bom desempenho nas pistas.

Ayrton Senna mudou como o mundo assistia corridas de Fórmula 1 e também foi um expert em veículos, conhecendo a engenharia, o funcionamento e entendendo o comportamento dos carros antes mesmo de pilotar. 

Sua passagem foi breve, mas de grande relevância para todos que o acompanhavam e também para o setor automobilístico. 

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