Brasília 50 anos: O carro nascido de um sonho

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Talvez não exista um ícone automotivo tão relevante como a Brasília na mente dos brasileiros, mesmo daqueles que nasceram após o fim de sua produção desse carro que foi um desejo especial do presidente da Volkswagen do Brasil.

E em 2023 a Brasília completa meio século de vida, com algumas modificações e muitas histórias pelo Brasil e até mesmo fora dele! Quer saber mais, confira a linha do tempo desse clássico!

O surgimento de uma lenda das estradas

 Brasília surgiu como um substituto para o Fusca, que era um dos maiores sucessos de vendas da montadora no país. Porém, o presidente da VW, Rudolph Leiding queria inovar e criar o sucessor do carro, sendo uma criação totalmente nacional.

O início do sonho começou bem no início da década de 1970, com Leiding solicitando aos engenheiros que projetassem um carro com a mesma plataforma do Fusca, porém com mais espaço e estilo diferente. 

E o projeto ousado foi feito em segredo da matriz Alemã, pois queria convencê-los com algo pronto e que pudesse ser facilmente visualizado, entre as pessoas da equipe estavam o desenhista José Vicente Martins e George Yamashita Oba.

Com tudo pronto e, alegando falta de inovação no mercado, Leiding conseguiu convencer seus superiores, mas não conseguiu acompanhar sua criação de perto, já que, o projeto da Brasília foi tão bem defendido e executado, que se tornou presidente mundial da VW.

Aqui no Brasil, Márcio Lima Piancastelli desenvolvia o carro em sigilo total da imprensa: o fotógrafo da revista Quatro Rodas foi ameaçado com tiros, porém conseguiu boas fotos para estampar a edição de maio de 73.

Em 8 de junho de 1973 nascia a Brasília, quase ao mesmo tempo, de seu concorrente, o Chevette, que também marcou gerações!

Os diferenciais da Brasília

A ideia de Leiding era um carro pequeno por fora, porém espaçoso por dentro: O seu visual arrojado, de linhas retas, elegante e durável, contava com ampla área envidraçada, o que permitia maior visão do motorista e dos passageiros. Por dentro, o bagageiro não era seu maior ponto forte, porém o motor traseiro agradava.

 

Outro ponto positivo da Brasília era a facilidade em manobrar e estacionar, chamando a atenção, afinal ainda não existia a direção hidráulica como conhecemos atualmente. 

Em comparação com seu antecessor Fusca, a Brasília possuía 17 cm a menos, com 4,01 metros, 1,61 metros de largura, 1,44 metros de altura e 906 quilos. O motor era o mesmo do Karmann-Ghia, um boxer de quatro cilindros, 60 cavalos e 4.600 RPM, arrefecido a ar e fazia 14 km/l, econômico até para os dias atuais, chegando até 135 km/h.

Quando surgiu no mercado, além de chamar a atenção por seu design, gerou dúvidas, já que era difícil ser encaixada nos padrões: hatch ou mini carro? Por isso, até mesmo seu nome causou discussões: “a Brasília” ou “o Brasília”?.

Conforme o site Auto Técnica, tanto faz, depende de como você vê o carro. Se para você é um hatch, o correto é “o” (hatch) Brasília, mas se for uma mini wagon, o melhor é utilizar o artigo “a”: “a (mini wagon) Brasília.

Oficialmente, a VW o encaixou na categoria wagon devido à menor incidência de impostos na época, então a Brasília se tornou o nome mais popular e, sim, o carro foi batizado por causa da nova capital do Brasil, inaugurada 13 anos antes de seu lançamento. 

As modificações durante o tempo

Logo no ano seguinte a sua inauguração, aconteceu a primeira mudança no veículo: o volante foi trocado pelo novo modelo canoa e a dupla carburação tornou-se um opcional para os compradores.

Até 1978, foram realizadas poucas mudanças e principalmente na parte mecânica e conforto: calotas centrais na cor preta, perda do VW no emblema, piscas vermelhos na lanterna traseira e intermitentes, aumento da grade de escapamento traseiro. O motor de carburação simples sai de linha, mudança no sistema de freios, chassis reforçado e  comandos de limpador em alavancas na coluna de direção foram os principais.

Já no quesito estético, em 1976 a Brasília apresentou a versão de 4 portas e opções mais coloridas: assentos e laterais da porta em vermelho e marrom escuro e em 77 surgem as versões monocromáticas com interiores em uma cor, piso em carpete e bancos com detalhes em veludo, nas cores castor e preta.

O porta-luvas ganhou uma tampa e o painel tinha acabamento semelhante à madeira de jacarandá na parte central. Os frisos na parte dianteira foram retirados e o visual do carro ficou mais “limpo”.

Em 1978 aconteceu uma mudança na carroceria, a primeira e única grande na carroceria: os para choques ficaram mais largos e aplicação de ponteiras em plásticos, capô com vincos na chapa, lanternas traseiras inspiradas em modelos da Mercedes-Benz, maiores e com frisos. Por dentro, o volante recebe o emblema da montadora e as versões monocromáticas continuam existindo, mesmo com as mudanças.

No ano seguinte, é lançado o modelo LS e, até o fim de sua fabricação, a Brasília recebeu pouca modificação, sendo substituído pelo Gol, apesar de sua popularidade em todo território nacional, mas antes serviu de inspiração para a nova versão da Variant 77.

Buscando se adequar ao mercado, a VW sabia que a refrigeração a ar era algo com dias contados, mas ao invés de investir na refrigeração a água na Brasília, foi decidido que desenvolveriam um novo modelo, o Gol, inspirado no sucesso do Golf na Europa. Há controvérsias que esse modelo foi inspirado nos primeiros desenhos da Brasília, no início dos anos 70.

No ano de seu lançamento, o Gol ainda não era uma ameaça à Brasília devido ao seu motor menos potente, contudo com a versão 1.6, o modelo tão amado foi descontinuado para não atrapalhar as vendas do Gol. Com as últimas unidades saindo de fábrica em março de 1982, a Brasília marcou gerações de brasileiros e se tornou um clássico e pode até mesmo receber a placa preta, destinada a colecionadores.

Curiosidades sobre a Brasília
  • Desde seu lançamento, a Brasília teve 931.204 unidades vendidas no Brasil e 133.212 para o exterior (Filipinas e continentes Africano e América Latina), ou seja, 1.064.416 fabricadas em território nacional e 72.000 no México;
  • Na Nigéria e Europa, foi rebatizada como Igala;
  • Teve algumas poucas unidades vendidas nos Estados Unidos;
  • Em 1974, o piloto Ingo Hoffman correu com uma Brasília na Divisão 3 e venceu o campeonato paulista de 1974, Classe A;
  • Em 1974, Cláudio Mueller e Carlos Weck atravessaram o Canal da Mancha no World Cup Rally, passando por vários países europeus;
  • O carro apareceu no seriado Chaves: O Senhor Barriga, dono da Vila, possuía um modelo amarelo e apareceu em 3 episódios;
  • A Brasília Amarela também fez história devido à música do grupo Mamonas Assassinas, “Pelados em Santos”. Mesmo antes da morte dos artistas em um acidente trágico, a música já estava famosa e entrou para a história de uma geração! No ano de seu lançamento, 1995, foi a terceira música mais tocada nas rádios do Brasil;
  • Infelizmente uma das Brasílias que aparece no videoclipe dos Mamonas Assassina foi roubada e a outra, após ser sorteada e ficar no pátio do DETRAN por quase 10 anos, foi recuperada pela família do vocalista Dinho;

 

A VW mantém uma página com endereços e nomes de vários clubes de veículos antigos e muitos são dedicados a esse clássico!

E você, é um dos amantes da Brasília? Já teve ou tem uma?

Se você é proprietário de uma, conte sempre com a Olimpic para ter peças de qualidade para seu veículo que não pode ficar parado!

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